Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Omnia in Unum

Omnia in Unum

Miles in doc

[caption id="attachment_769" align="alignnone" width="1024"]miles-davis-em-paris-06071991-1289479662355_1024x768[1] Crédito: Desconhecido. Solicito informação.[/caption]

De acordo com a Deadline, um novo documentário sobre Miles Davis irá surgir no início de 2019. Realizado e produzido por Stanley Nelson, um nome ligado a documentários como "The Black Panthers: Vanguard of a Revolution", "Freedom Riders" e "Tell Them We are Rising: The Story of Black Colleges and Universities", o documentário sobre Miles chamar-se-à "Miles Davis: the birth of cool", e estreará na PBS e na BBC2.

O artigo completo pode ser visto aqui.

Bach of Ma

[youtube https://www.youtube.com/watch?v=xR4IElye7eg&w=560&h=315]

Já anteriormente expressei a minha admiração por Ma, aquando da publicação aqui da entrevista dada à Bloomberg, que é verdadeiramente soberba e ilustrativa da dimensão humana deste artista. E por isso não é novidade que um lançamento novo da sua parte me chame a atenção, especialmente quando estamos a falar de mais uma viagem pelas suites de Bach, que são das peças clássicas que mais aprecio, e partilhando aqui uma experiência com ela relacionada, é a única música que me acompanha na edição de fotografia, que me faz não apenas entrar num estado profundamente calmo, como se harmoniza com o lento deslizar do olhar pelas formas e pelos tons...

O lançamento está previsto para 17 de Agosto, e fica aqui o site.

Grace and Grit — Steve McCurry's Blog

Stronger by weakness, wiser men become As they draw near to their eternal home. Leaving the old, both worlds at once they view That stand upon the threshold of the new. – Edmund Waller When we’re young we have faith in what is seen, but when we’re old we know that what is seen is […]
via Grace and Grit — Steve McCurry's Blog

McCurry é um dos meus fotógrafos preferidos, juntamente com Sebastião Salgado. Nele encantam-me as cores, e os tons que assumem uma intemporalidade que não consigo reconhecer em mais nenhum outro fotógrafo. McCurry vai para além do momento imortalizado no tempo, tornando-o eterno nos seus tons. Encontro igualmente no seu trabalho um retrato invulgar da diversidade do mundo, nomeadamente das suas gentes e costumes, abrindo-nos uma janela imensamente fascinante sobre quotidianos que nascem e põem-se com o Sol, rostos e emoções que se traduzem em marcas de vida, despertando em nós a empatia natural de todos sermos um, num só mundo.

Ma

https://www.youtube.com/watch?v=e0E0U-9XOt8

Sou, de há muito, um fã de Yo-Yo Ma. Não apenas pelo facto de Ma ser um grande músico (há muito tempo que me rendi ás suas interpretações de Bach), mas pela sua visão do homem, da arte, do mundo... da forma como neles sempre viaja por via da harmonia da música, nos diferentes sons que nos compõem a todos enquanto humanidade. Ontem, na Bloomberg, uma pequena entrevista com David Rubisntein, que aconselho a ver.

Crédito do Vídeo: Bloomberg

Torga reeditado

[caption id="attachment_715" align="alignnone" width="534"]27540824_10155986927419336_1127598967190005054_n Crédito: Edições D. Quixote[/caption]

Uma reedição da obra de Miguel Torga é sempre algo que destaco. Porque Torga é uma paixão antiga, quase paradoxal na minha vida. Existe na sua austeridade (um atributo de personalidade que em mim não encontro), uma força que alimenta a vitalidade do seu pensamento, que se mantém simples, direto, e sem filtros, evocando a visão do homem enquanto povo, do povo enquanto país...e do país que daí resulta, em retratos mais ou menos positivos, mas sempre com o sentimento de quem nunca pretendeu ser mais do que um homem do povo, entre o povo. Um pensamento despretencioso, e, por isso, cada vez mais raro nos dias que correm, mas igualmente cada vez mais necessário. Um grande bem haja às Edições D. Quixote, por esta iniciativa.

Falcões

[caption id="attachment_671" align="alignnone" width="2000"]cropped-hopper-big Crédito: Edward Hopper[/caption]

Quando vi Nigthawks pela primeira vez, demorei algum tempo para passar a outro quadro. Se há na obra de Hopper um símbolo da mestria do lidar com o tempo, de deixar que num momento fixo ele continue a fluir na nossa mente, então esse símbolo será este cenário noturno, intemporal, que podemos encontrar em qualquer cidade, imerso numa qualquer noite, e do qual sempre fugimos na superficialidade da vida moderna. É um quadro sobre a solidão...uma pessoa só, de cabeça um pouco baixa, reflete...um casal parece imerso numa conversa calma, onde a análise de algo impera...não sabemos o que falam ou o que pensam, nem sequer se se encontraram apenas aqui, na partilha da sua solidão individual, ainda que a mulher apareça algo alheia e impaciente. Mas encontramos uma certa dualidade nesta solidão, porque se uma pessoa só pode eventualmente estar perdida no seu mar de pensamentos, sem um caminho ou uma saída, certo é que a solidão também pode existir num espaço de duas pessoas, dois seres que decidem na partilha caminhar sós, num mundo que naquele momento (ou em outros) não lhes interessa. Ainda que possam estar perante um dilema, exigindo reflexão, estão calmos...sabem que têm de estar ali. Sós.

Como em toda a obra de Hopper (principalmente na que retrata momentos, pessoas), é desafiante pensar em Nighthawks como um momento num tempo que passa, num espaço isolado na realidade. Na visão do momento, não é tão importante para mim pensar no "de onde estas pessoas vieram", mas mais no "como estas pessoas chegaram"...se estariam perdidas na noite e perdidas continuavam, ou se encontraram este local depois de encontrarem a solução para os seus próprios momentos interiores, e apenas relaxam neste ponto de chegada. Posso aqui inferir todo um conjunto de exercícios psicológicos, mas, independentemente dos cenários, desperta-me a atenção de que este café noturno não tem portas de entrada. Surge-nos como uma inevitabilidade da caminhada, um ponto onde não é importante a entrada ou a saída, mas o estar, o pensar, o refletir...tanto mais importante quanto estamos perante uma rua que parece intercetar outra...uma divisão que naquele café se consubstancia não na necessidade de decidir, mas de refletir nessa decisão, o que não deixa de conferir a este quadro uma certa intemporalidade que se assume quase como uma lição do sermos humanos em tempos de desnorte moderno.

Nighthawks realmente fascina-me. Irei voltar a ele várias vezes, porque a sua vastidão não permite colocar todo o seu sentido num artigo, e porque a sua vastidão também depende muito do momento que vivemos quando o observamos, colocando esse sentido numa dimensão que tanto nos assusta: a emocional. A humana. O sermos nós, com a nossa fraqueza moderna de termos de pensar, sentir. É, de facto, um lugar comum da arte,  esta relativização do sentir, mas é isso que torna-o admiravelmente transcendente e, para mim, um dos expoentes máximos da apreciação da pintura como exercício da nossa própria humanidade.