Cultura Geral
[caption id="attachment_666" align="alignnone" width="2000"] Crédito: Sandro Miguel[/caption]Sou um espetador atento do Curso de Cultura Geral, da Anabela Mota Ribeiro, e mantenho o seu blog como um dos seguidos aqui no Omnia. Numa das minhas noites semanais de catarse da rotina dos dias, decidi aceitar o desafio dos 10 itens marcantes, na esfera pessoal, da minha relação com a cultura. Com as minhas desculpas à Anabela por me intrometer nestes desafios semanais que tanto aprecio ouvir, e que me fazem renascer num aconchegante e terno sentimento interior de caminhada, perpétua no silêncio da alma...assim, sem nenhuma ordem de importância em particular:
- A minha viagem aos Pirinéus. Durante cerca de duas semanas, viver cores que nunca vi tão vivas, imersas na profundidade de um silêncio como nunca vivi, em altitudes a que nunca subi. Conhecendo ainda pessoas e culturas (nomeadamente a basca) de uma forma tão vivida.
- Ler Norwegian Wood, de Haruki Murakami. De vivenciar num livro tantas dinâmicas interiores já sentidas, de sentir, não orgulho, mas paz, e uma profunda gratidão, de já ter vivido algo tão puro, e ao mesmo tempo tão distante.
- Ter participado nas manifestações estudantis dos anos 90. Deixei nessa época parte de uma vida não destinada a viver, mas nelas encontrei outra vida de muito mais sentido e ativa. Nenhum ideal tem limites, muito menos os da ilusão moderna de que lutamos por ideais.
- Ler A Midsummer Night's Dream, de Shakespeare, e de achar que sim, viver pode ser uma experiência mágica...na morte interior renasce sempre uma luz imemorial, que brilha em nós independentemente do que lhe chamamos. Eu gosto de lhe chamar criança.
- Conhecer a história da Astronomia, e conhecer o céu noturno. Desde pequeno que não meço o mundo como a comum das pessoas, nem a alma como a dos incomuns imortais. Algures no meio caminho na magia de um universo que se espelha, e renova em mim, em todos.
- As caminhadas na praia...daquelas que duram kilometros e que nos levam muitas vezes a locais que apenas julgamos existir longe...por onde as pegadas se apagam da areia e apenas somos o som do mar que nos desvanece em puro pensamento...meditar é isso...é ser som de mar em areias de silêncio.
- Fotografar. Sentir o mundo como a visão de um Eu profundo, que se manifesta no preto e branco da essência de viver.
- Vivenciar Nighthawks, de Edward Hopper. Num bar unem-se mundos em pessoas que se encontram...sou cada uma delas, sou apenas quem as procura, sou apenas quem as deixou...
- Bach, interpretado por Yo-Yo Ma. No final do dia, do que teve de bom e de mau, de perfídia ou de humildade, do apenas vácuo de interesse, ao interesse intenso e pleno, a suite nº1 é sempre a porta que na noite em mim se abre...não consigo pensar em mais nada, quando nela me dissolvo em essência de nada.
- Abraçar, viver, sentir o meu Bonsai, e com ele aprender... partilhar com ele o meu mundo, e ser grato por ele caminhar comigo.